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sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ministério Público entrará com ação por contrato de funerárias

MP alega que contrato atual fere direitos do consumidor 
Procuradoria Pública afirma que houve atraso na tramitação do projeto de lei para nova licitação.

A renovação polêmica do contrato de concessão do serviço público municipal das atividades funerárias de Toledo, em fevereiro, virou alvo de investigação do Ministério Público. Agora, o órgão prepara ações contra os responsáveis alegando que a prorrogação do atual contrato prejudica o consumidor e ainda que o legislador dificultou uma nova licitação. A Promotoria deve encaminhar as demandas à Justiça nas próximas semanas.

Os serviços funerários são prestados por duas funerárias do município há dez anos e com o fim do prazo contratual – 1º de março – havia a possibilidade da realização de uma nova licitação. O projeto de lei 261/2013 do Executivo, propondo nova concorrência, foi encaminhado em novembro do ano passado para a Câmara de Vereadores. Porém, no dia 26 de fevereiro – sem tramitar ainda – foi retirado pelo próprio proponente. A administração municipal decretou prorrogação do contrato por mais cinco anos.

Segundo o Ministério Público, existem alguns problemas com a decisão. Primeiro que a atual prestação de serviços pelas funerárias é alvo de diversas denúncias e reclamações da população na Delegacia de Polícia Civil e no próprio MP. “O contrato prevê o revezamento de atendimento entre as duas funerárias, isto inibe que o consumidor escolha qual empresa deseja contratar, além de inibir a livre concorrência”, revela documento obtido pelo JORNAL DO OESTE. 

IRREGULARIDADES

Ainda de acordo com o órgão, o contrato dispõe que o município regule os preços dos serviços e produtos. “O Estado não deve regular os valores e sim o mercado. Se houvesse mais concorrência os preços iriam cair, porque hoje aqui em Toledo os valores cobrados pelas empresas são muito altos e as famílias se veem apuradas até na hora da morte”, complementa.

Outro ponto apresentado como irregular é a questão da gratuidade do serviço para as famílias carentes, pois sem uma fiscalização, as funerárias não orientam os consumidores adequadamente e muitos, que teriam este direito, acabam pagando normalmente. “Enfim, o contrato venceu e o prefeito poderia abrir mais concorrência. Ele deveria ter feito nova licitação porque o serviço não está bom, mas preferiu prorrogar o contrato por mais cinco anos, mantendo os mesmos problemas que a população vem relatando”, pontua. 

DO OUTRO LADO 
A ADMINISTRAÇÃO

O secretário de Administração de Toledo, Amauri Vilmar Linke, afirma que a prorrogação dos serviços está previsto no contrato, de 2003, e faz parte do poder discricionário da administração pública. Ele explica que o projeto de lei para uma nova licitação foi encaminhado para o Legislativo, mas durante o tempo de tramitação, as duas empresas – Cícero Marinho Xavier Martins e Marcelino Construções e Administração Ltda – procuraram a administração com nova proposta.

De acordo com o secretário, o projeto de lei previa a concessão do serviço para empresas por dez anos com a contrapartida de construção de quatro capelas mortuárias. “Mas as empresas atuais nos propuseram construir três, sendo duas ainda este ano e outra no próximo. Neste ponto de vista era muito benéfico para a administração. Era uma questão de conveniência e celeridade do processo”, justifica a escolha pela renovação.

Porém, sobre os serviços, baixa concorrência e preços regulados pelo município, Linke revela que estão previstos no contrato de 2003, quando o processo licitatório foi realizado, conforme os critérios da lei apresentados na época. “Mas os valores estão estagnados, são tabelados, mas as funerárias pediram reajuste em 2013 e 2014 e não obtiveram”, contrapõe.

Publicado em: 03/07/2014 - 05:00 | Atualizado em: 02/07/2014 - 17:27: 

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